O Encontro nasceu da vontade de realizar um concerto de música improvisada com o colectivo PREC (Projecto Ressonante Experimental Criativo) no auditório da Sociedade Filarmónica União 1º de Dezembro de 1902 de Atouguia da Baleia.
A ideia de convidar alguns artistas para esse concerto, depressa se estendeu a um conjunto alargado de músicos, o que acabou por desembocar na opção MIA que se desenvolveu através da realização de diversos concertos com grupos aleatórios, ensembles e a apresentação do próprio *PREC*. A escolha da sigla para o evento, apenas teve a ver com as iniciais de Música Improvisada em Atouguia - MIA.
Esta aposta inédita e alternativa, numa zona onde as iniciativas culturais eram diminutas, visava essencialmente alcançar o objectivo da descentralização e proporcionar a igualdade de oportunidades no acesso à arte contemporânea, dada a inexistência de difusão de produtos culturais menos “acessíveis”, menos comerciais e não massificados e dada igualmente a convicção dos organizadores de que a arte nunca deve ter fins elitistas. A aposta teve ainda por base o pressuposto de que o fenómeno da improvisação vinha assumindo um relevo cada vez mais notório nas diversas correntes musicais, desde as mais tradicionais até às mais vanguardistas.
Foram convidados inicialmente cerca de 25 músicos para o Encontro, tendo quase todos aceitado desde logo. À medida que o tempo de preparação foi decorrendo, acabaram por surgir outros interessados por iniciativa pessoal ou por sugestão de outros músicos, tendo no final participado um total de 30 elementos nas várias sessões do MIA.
Uma das valências que pretendemos cobrir na vertente pedagógica do Encontro foi a “captação e formação de públicos”, condição sem a qual não faria grande sentido a aposta num evento com tais características nesta área geográfica. Assim, foi convidado o crítico e ensaísta Rui Eduardo Paes para orientar um colóquio sobre música improvisada, com o objectivo de fornecer ao auditório informação consistente sobre o tema.
Foi também organizado um Workshop sobre Improvisação orientado por Johannes Krieger (trompetista alemão a residir em Portugal) que registou a participação de 14 músicos, bem como de algumas pessoas da assistência. Krieger viria ainda a dirigir o ensemble que encerrou o festival.